A superfície da Lua


Justin Quayle, um diplomata ao serviço do alto comissariado inglês em Nairóbi, visita a antiga casa da sua falecida mulher em Londres. Ali relembra o seu encontro com Tessa e o lugar onde fizeram amor pela primeira vez. Mergulhado em lágrimas investe pelo jardim abandonado entregue às ervas daninhas que combate furiosamente até ao colapso, caindo finalmente sobre si cercado de um mundo hostil que não consegue sarar.

The Constant Gardener (O Fiel Jardineiro) é a história da viagem de um homem ao lugar mais cruel do mundo. Numa sequência particular o piloto de um avião de ajuda humanitária das Nações Unidas avisa Justin para se segurar enquanto aterram "na superfície da Lua". Segue-se a visita fulgurante a um acampamento de refugiados na região sul do Sudão, atacado minutos depois por um grupo de cavaleiros armados. Ilustrando o terrível desespero de um povo em fuga, o filme testemunha as atrocidades sem sentido a que está subjugado o continente africano.

Um filme extraordinário e a confirmação absoluta de Fernando Meirelles como um dos mais prometedores realizadores contemporâneos, é uma obra carregada de uma grandiosa humanidade. Romance clássico sob o pano de um drama político, a jornada de Justin em busca da verdadeira essência da sua mulher vai conduzi-lo a descobrir um amor capaz de persistir para lá da própria vida.
Com um sentido cinematográfico admirável, Meirelles capta a dureza e a beleza insólita de uma África condenada pelo abandono moral das grandes potências. A par com Syriana, The Constant Gardener é um filme que se debruça sobre a nebulosa realidade do mundo contemporâneo. Trata-se afinal de uma dolorosa denúncia ao modo como o interesse das nações se sobrepõe, tantas vezes, ao interesse dos homens.

3 comentários:

  1. Também gosto muito do "Fiel Jardineiro" e do resto do trabalho de Fernando Meirelles. Em 2001, em conjunto com Nando Olival, Fernando Meirelles realizou "Domésticas", um filme hilariante que infelizmente passou despercebido em Portugal (tenho a impressão que foi apenas exibido no Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, há uns anos, numa rubrica chamada "Straight Nights"). O filme retrata a vida das empregadas domésticas no Brasil. Segundo a autora da peça original e co-argumentista, Renata Melo, são "estórias que sensibilizam tão especialmente a alma, que me pergunto o que são, senão poesia. Bruta, pura, autêntica." É mesmo muito bom o filme e vale a pena ser visto. Quem estiver interessado pode começar por visitar o site:

    www.domesticasofilme.com.br

    MM

    ResponderEliminar
  2. parabens pelo teu blog! Não o conheçia, mas fiquei fã, pela maneira como abordas os assuntos! tudo! e um template fantastico!

    ResponderEliminar
  3. o filme é excelente...
    (e tem uma banda sonora à altura...)

    ResponderEliminar