Intervenção no Castelo de Castelo Novo


Luís Miguel Correia, Nelson Mota, Vanda Maldonado e Susana Constantino: Castelo Novo, Fundão, Portugal, 2008. Image credits: Fernando Guerra FG+SG.

Valerá a pena, na continuidade do trabalho dos AllesWirdGut para a pedreira romana de St. Mergareten, referir uma outra obra de construção recente, desta feita em território nacional, com autoria dos arquitectos Luís Miguel Correia, Nelson Mota, Vanda Maldonado e Susana Constantino (ver COMOCO). Trata-se da Intervenção para o Castelo de Castelo Novo, no Fundão, que define a implantação de uma estrutura acessível entre o largo central do recinto monumental e a torre situada na sua cota mais elevada.
Encontramos também aqui uma peça sem pré-definição rígida que se estabelece naquele território sem comprometer a sua integridade. Trata-se afinal de definir uma fronteira clara entre a permanência de uma realidade patrimonial e os novos suportes necessários para a apropriação plena por parte do público. Por outro lado, para lá desta dimensão curiosa, simbiótica, com o existente – que também encontramos no projecto dos AWG – sobressai o gesto de direcção sobre a própria experiência do lugar. O caminho é desenhado pela nova arquitectura, suporte para ensaiar e conduzir a aproximação ao interior do Castelo. Estamos uma vez mais na fronteira de uma arquitectura que é já paisagismo, ou do seu reverso, fazendo prevalecer a dimensão funcional sobre qualquer outra tentação cenográfica.
Dois pormenores dignos de observação: em primeiro lugar o modo como a nova peça se descola junto ao chão; e finalmente o sentido dos passadiços suspensos sobre o maciço granítico que ascendem à ruína da torre, prolongando o seu alinhamento e reforçando a tensão das suas formas.
Podem ver a recolha fotográfica completa do Fernando Guerra no sítio web das Últimas Reportagens bem como a informação de projecto disponível na página do atelier COMOCO e do Habitar Portugal.




Luís Miguel Correia, Nelson Mota, Vanda Maldonado e Susana Constantino: Castelo Novo, Fundão, Portugal, 2008. Image credits: Fernando Guerra FG+SG.

Observing the recent work by AllesWirdGut for the roman quarry in the Austrian village of St. Mergareten, another project comes to mind: the intervention in the castle of Castelo Novo, in Portugal, by the architects Luís Miguel Correia, Nelson Mota, Vanda Maldonado and Susana Constantino. [+/-]
The project is defined by an overlaying accessible structure located within the monumental district, drawing a path from the central square and the tower located on higher ground. Here we find an architectural piece unrestrained from formal pre-definition, founded in the territory without compromising its integrity; a design that establishes a clear boundary between the ancient ruins and the new supports, needed for the appropriation of the visiting public.
A curious blend between architecture and landscape design, this small-scale project in Castelo Novo is an interesting affirmation of respect for the historical heritage while introducing new tensions and providing a more fulfilling relationship with the existing territory.
Don’t miss the full gallery on Últimas Reportagens, courtesy of Fernando Guerra, and the project details available at COMOCO and Habitar Portugal.

3 comentários:

  1. É realmente um bom texto sobre uma obra que irá valorizar a belíssima Aldeia Histórica de Castelo Novo.
    Muita obra está por fazer nas restantes aldeias, mas algo já tem sido feito.
    Um abraço
    Castela

    ResponderEliminar
  2. Trata-se de uma aberração, por muito bem desenhada que seja, nada tem que ver com o património que se pretende valorizar. Artificializa e domestica esta imponente paisagem que vale por si, enchendo-a com elementos completamente estranhos e desadequados. Como se pode apreciar o património arquitectónico e paisagístico agora tudo cheio destes passadiços?
    Um horror ! O ESPELHO DA VAIDADE dos autores. O que vale é que tudo isto dura menos que a pedra do Castelo e que os penedos e pode ser até que antes disso sejam roubados pelo valor do metal no mercado pois de outra forma temos que esperar muito até termos de novo o que interessa, a ideia de reversibilidade neste caso é treta!
    Maria Ramalho

    ResponderEliminar