Super 8



Super 8 é, entre outras coisas, um monster movie consumido pela tentação de mostrar o monstro. J.J. Abrams vai ainda mais longe cometendo o pecado de humanizar aquilo que deveria permanecer para sempre estranho, para sempre nas sombras da mente do espectador. Quantas vezes podemos ter na manga os xenomorfos de H. R. Giger ou as mutações loucas de Rob Bottin? Afinal, o monstro que imaginamos é bem mais interessante do que aquele que nos é dado a ver.

Nos seus bons momentos Super 8 é um belo filme, tributo a uma era do cinema americano vibrante de energia e imaginação. Longe estamos do blockbuster contemporâneo em que cada plano é um compósito chroma-key e cada sequência um money-shot, para reencontrarmos a ingenuidade de E.T., a jovialidade de Os Goonies e o crescendo de Encontros Imediatos. E temos um grupo de crianças que é o melhor do filme, com destaque inevitável para Elle Fanning, a jovem paixão dos heróis da aventura, e Riley Griffiths no papel do mais pequeno realizador de série B da história do cinema.

Antes de ser tudo isto, Super 8 é um filme sobre um tempo que já não existe. Passa por ali toda uma infância preenchida por modelos de aviões, soldados em miniatura e um imaginário de banda desenhada. Depois há uma máquina de filmar e um mundo de fantástico que apenas se pode desvendar a partir da penumbra da lente. O cinema, como a infância, em tempos foi assim.

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